Agora fui longe de mais. Caí no buraco do mundo e se não existisse o amanhã eu atrofiaria. A dor do peso é infinita e os ombro são curtos. Sinto que fui tão longe que ultrapassei a barreira da alma e cai no Nada, porém o nada que sou eu. E dói. E como dói... Lateja o peito, escorrem lágrimas, e tão repentinamente. Fui um susto sem surpresa, fui uma queda sem passo. Fui o abismo da alma. Jamais achei que seria dolorido cair no nada, mas foi. Eu caí, e sumi. Logo eu que me criei sozinho, de pés fiz alicerces, de pernas fiz pilares, do peito fiz escudo, e do rosto ... dei a outra face.
Ah, seria gloriosa a graça de um irmão, que fosse mais que eu. Dois egos masculinos carregados, que uma vez já foram Césares enlouquecidos, cairiam no amor e se perdoariam milhares de vezes, o quanto fosse necessário. Seria conflituosa, porém, viva. Não digo que sou morto, mas falta algo vivo em mim, como um cerne gelatinoso responsável pela alegria de amor.
Caí num tão precipício que posso me distrair com tudo, até chego a rir com a televisão e continuo a sofrer no ímpeto do horror. O meu irmão que não eu, seria o meu futuro almejado. E eu o imitaria, eu fingiria que o seria. Seria uma dádiva pra mim desejar não ser eu. É que sou tão compromissado comigo mesmo que meu único alívio seria um escape fixo. Então eu gritaria do fundo do meu cerne gelatinoso o quanto eu o odiaria por não me deixar adentrar sua intimidade. Esse ódio seria o extremo do amor. Essa seria minha salvação! o Amor.
Ah que a terra seja leve aos responsáveis por si mesmo. Criar-se no mundo é como pescar em alto-mar, é trabalho de escritor, É dor no pé, por mais que exista logo ali um ser semelhante, é uma semelhança incomunicável, impenetrável. Deus rogai pelos tigres e lobos solitários na selva com o peso de seu ego no lombo.
Uma vez vi um menino. Era eu. Eu não lhe disse nada. Ele não deixou. Nesse instante tive plena convicção de que era eu. Eu não fiz esforço em lhe ajudar, eu não fiz esforço em me ajudar. Agora saiba porque: eu sou incomunicável. A solidão é ser.
Quando se há carência, não se nota. Se acredita existir assim. E assim se é feito. É necessário ter um gostinho (mesmo que mínimo) daquilo que se sente falta, para então perceber que se é carente. E nessa prova pequena é que não se é injustiçado. Se é dado, resta crer.
Obs.: Esse texto foi escrito cru, e cru ele é entregue, como a carne sublime.
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