segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Agora tenho o que escrever...

Hoje sai. É tão difícil pra mim me mobilizar, ás vezes acho que sou um trio-elétrico cheio de ornamentações que é muito difícil de ser manipulado, por isso só sai uma vez por ano, mas isso é característica de gente pacata. Fui ao comércio da cidade, comprei roupas (exercício dificílimo essa pra mim, corre quase como dor, mas isso é assunto pra um post inteiro), fui à Secretaria da Cultura, tomar nota de cursos de música e teatro. Estou longe do teatro à meses e isso me aflige, mas estou embarcado em uma de música e quero tocar violão. Do meu teclado que abandonei e que me acusa toda vez que o vejo, cheio de pó, de resto de papel com cifras, isso tudo me dói muito quando vejo, mas eu não estou na minha maturidade pra retratar o erro. Estou no caminho ... Voltando pra minha segunda, peguei também a ficha de inscrição pro concurso de miniconto, ele foi prorrogado até fevereiro e tempo é lucro.
Estou à tantas tentando escrever esse post e assistir ao mesmo tempo alguém que estava me dando saudades, e à tantas eu não via. Mallu Magalhães que agora é só Mallu, à tantas eu não via, e ás tantas ela repete "ás tantas" durante o programa, docilmente, e sempre gosto de revê-la no Natal, descobri ela no Natal do ano passado (ou retrasado) e me identifiquei tanto que meus Natais desde então têm cor de pisca-pisca colorido e som de "Janta" música dela com o Marcelo.


Esse vídeo apareceu depois que revi "Vermelho" do Marcelo que postei ontem. Bom a Mallu têm uma sensibilidade e uma auto-aceitação tão grande que é impossível não pensar em si mesmo perante o trabalho dela. 
Quero um dia poder cantar com ela ...
Meu conta esta saindo muito falso perto daquilo que acho que deveria ser, e tenho medo de estar tratando de um assunto além da minha capacidade. Quero deixar um poema que encontrei na internet e que diz muito sobre aquilo que quero atingir, não sei quem é o autor e por enquanto não acho necessário procurar, acho que o poeminha do último elefante nadador precisa sair primeiro que o conto.

Minha Alma 

Estive olhando pro espelho por tanto tempo, que comecei a acreditar que a minha alma
está do outro lado...
Todos os pequenos pedaços caindo, quebrados...
Pedaços de mim, afiados demais para serem juntados, pequenos demais para terem
importância, mas grandes o suficiente para me cortar em tantos pequenos pedaços....
Se eu tentar tocá-lo.
E eu sangro. Eu sangro....
E eu respiro. Eu não respiro mais....
Eu respiro e tento desligar o que os meus espíritos induzem....
Mas como você consegue se recusar a beber como uma criança
 teimosa?
Minta para mim, me convença que eu sempre estive doente....
E que tudo isso fará sentido quando eu melhorar.....
Mas eu sei a diferença entre eu e o meu reflexo....
Eu simplesmente não posso deixar de imaginar...
Qual de nós você ama?
 Então eu sangro. Eu sangro.
E eu respiro. Eu respiro, não...
Sangro. Eu sangro.
E eu respiro. Eu respiro. Eu respiro. Eu não respiro mais.
Gustavo André


Acontece que eu tenho tempo, e isso é tudo.

domingo, 15 de dezembro de 2013

"A desistência é uma revelação. Desisto, e terei sido a pessoa humana - e só no pior da minha condição que esta é assumida como meu destino."

Clarice Lispector em "Paixão segundo G.H."

Estive a pouco escrevendo um texto pra aqui postar , mas ele se fez insosso. Daria-me então a falar de algum livro, um livro de entrevistas que estou lendo e que venho me deparando com personalidades intrigantes e estimulantes, porém isso também escorreu capenga, e estou morrendo. Hoje o dia não está pra escrita, só me resta ler. Então, como já abri o post e ele ficou vazio quero enchê-lo de música ...


Quase que essa música também não saiu, não me espantaria se o post não carregasse. A verdade é que me veio uma grande inspiração e nada além dela acho que vai sair de mim hoje, e isso meu amigo é a esperança ... 

sábado, 14 de dezembro de 2013

Chega mais perto e contempla as palavras/ Cada uma/ tem mil faces secretas sob a face neutra/ e te pergunta, sem interesse pela resposta/ pobre ou terrível que lhe deres/ Trouxeste a chave?

Carlos Drummond Andrade

No ano passado, fiz um curso de teatro em um centro cultural de Jundiaí e conheci um garoto que havia publicado dois minicontos em um concurso literário municipal. Ontem me lembrei dele e desse fato e resolvi então escrever dois minicontos para o mesmo concurso. Tenho um prazo de sete dias para escrever dois minicontos e enviar. 
O texto deve ter entre quinze e vinte linhas para ser considerado miniconto. E isso é assassinante. Quando escrevi Fonte Híbrida era como se não houvesse escrito, pensei que tinha apenas recebido a obra pronta, porque ela se escreveu em uma rapidez que não pude absorver, quase não havia tempo, o verso era me entregue e minha mão mal podia acompanhar com sua escrita. 
Ontem sentei e redigi, porém não acho que tenha feito bom trabalho, o texto puro não chegava a quinze linhas, fui obrigado a escrever mais e ele ficou carregado, supérfluo, talvez eu o exponha aqui se considera-lo impróprio. 
A verdade sobre esse fato é que escrevi sem inspiração, que é a raiz de toda arte. Chamei esse miniconto de Ela e o que difere Ela de Fonte Híbrida é que o miniconto não é deslumbrante como o poema, não me trouxe alegria nenhuma, ando até muito cansado por ele. A inspiração é a alma do trabalho, e Ela é um conto lindo porém ele me foi obrigado e não veio de bom grado. Sofro por isso... 
Ontem ouvi na TV a seguinte frase: O último elefante nadador. E isso me trouxe um deslumbramento digno de um poema cheio de cores e luz, mas que pretendo expor a morte. Estou me deparando com alguns problemas da escrita e percebendo que escrever nem sempre é lúdico. Vou ver o que posso fazer dentro de sete dias. Preciso de música.
Não sei se ainda escreverei mais, deixarei a página aberta com o post suspenso até o último sopro.
Além disso tenho que publicar meus minicontos sob um pseudônimo, tenho caído na graça de caçar algum nome porém nenhuma delas é mais fiel e ululante do que unir-me ao blog e publicar sob o nome de Benjamim. Só preciso de um sobrenome ... 
Minha avó esta começando a enfrentar os choques da velhice e entrando em paradigmas. Manchas de sangue pisado aparecem em seu corpo logo depois de qualquer insignificante batidinha. Penso no tempo. Penso em mim. A vida é realmente breve. Porém ela ainda preserva a alma de menina levada e que pode viver quantos anos lhe caberem ainda não está pronta, não aprendeu a viver em sua totalidade, e pra sempre ainda continuará aprendendo. 
O dia corre e nada de inspiração, gosto de escrever dessa forma, sintetizo meus dias e me acerto comigo mesmo, é uma alto-afirmação, se é que essa palavra ainda se escreve assim ... 
Quero ainda subir num trio-elétrico e cantar, em dias em que acordo cansado qualquer grito me leva ao choro. Hoje não será dia de inspiração, é melhor apenas ler. Preciso de música ... 

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Dezembro

Dezembro é mês pra mim. Desde que me dei por gente esse é meu mês (mais até do que Janeiro que é mês do meu aniversário). Ele carrega duas forças: a constância e a mudança. O Natal é meu feriado favorito ele é uma celebração daquilo que é e não muda, da família, do nascimento, e felicidade. O ano novo obriga o mais grosso dos seres a ter esperança de algo novo, de mudança.
Quero escrever mais aqui, (se minha impotência descritiva permitir) agora que tenho tempo pra ler, pensar e ser. Quero uma mudança constante, e quero relatá-la. Quero a inspiração e a expiração. Passarei a redigir textos mais vagos que serão relatos da minhas presença e imaginação. Tenho andado angustiado, e lido muito Clarice. (Posso até ser patético por isso e devido a ridicularização que o humor midiático e popular  faz em relação a ela, tenha descreditado minha escrita, o que importa é que ELA SE FAZ ASSIM, e meu reconhecimento perante ela e a obra dela é mais forte do que qualquer vontade de se fazer de outra forma o que escrevo e o que vivo.)
Eu sei que não sou lido, e não sei se isso me causa raiva ou delícia. é que escrevo apenas pra mim. Troco o papel pelo blog pelo singelo risco de ser descoberto, que seria verdadeiramente uma delícia. Na verdade me desfaço de qualquer vontade de sucesso, pelo simples fato de ser ridicularizado também (que me mataria). Assim finalmente depois de exitar uma vida inteira, constituo um diário público aberto a todos interessado a poucos.
Como minhas postagens seram numerosas, dificilmente saberei como nomeá-las. Antes eu sempre partia do título, pois o título é um definidor e definir é perigoso, por isso deve-se ser feito com cautela. Agora com grande matéria em jogo, encontrarás matéria sem títulos e saberás que é porque não pude me definir...
Mudarei a layout do blog, pois trago mudanças e os novos se fundirão. é preciso abandonar o velho. Não vou mexer no nome do blog pois não quero ser tão radical, e me há uma impotência perante a escolha de novo nome: não quero pensar, pois seria longo e trabalhoso, e o nome Benjamim já esclarecido no primeiro post aplicasse ainda no intuito do diário. Dessa forma enquanto ainda não me encontro no mundo e não trilho meu caminho de existência e sucesso, começo já a trabalhar meus talentos e ter uma carreira antes da minha carreira. 

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Estou a três dias tentando escrever. Adiei a narrativa por medo de não conseguir escrever a verdade, porém  apresso-me por medo de perder a história de dentro de mim, ou ela fugir da minha cabeça antes mesmo de existir. O texto não tem nome porque aquilo que senti também não tem. Eu não sei a palavras pela qual aquilo é chamado, a definição mas próxima é Angústia. Mas definir é limitar e prefiro que isso siga inominável. 
A pena que sinto de mim mesmo é grandíssima como já relatei, e o relato seguinte é uma crônica sobre a insegurança. Tenho receio de escreva-lá por medo de parecer tolo. Hoje eu fui tolo. Me culpei instantaneamente apenas pra sentir como é, ser culpado, ser apontado, ser resignado, ser punido. Não que eu tivesse tido culpa, não tive, mas tive culpa de não sentir culpa. Então me culpei. A culpa é algo tangível, ela resta dentro da gente. O resto não ... Agora me absorvo do vergonha, não vergonha por ter sido culpado, mas vergonha por não ter sido culpado. 
Porém voltemos a minha dor, a culpa vai passar, enterrarei-a com mais dela. Minha dor é datada de sábado, tempestuoso, mal acordado, não deveria ter levantado da cama. Mas deveria, pra poder sentir minha dor que nada mais é do que eu mesmo. Levantei gripado com a voz roca e o nariz escorrendo, de uma forma ou outra isso já mostrava um desequilíbrio interno (o texto está me saindo deveras muito fácil), a minha manhã foi perdida numa sala de recepção inutilmente por isso prefiro esquecer-lá. A agonia aconteceu exatamente depois das duas da tarde quando cheguei num churrasco de comemoração do aniversário de alguém tenho nenhum afeto nem conhecimento, porém deitei na cama dessa pessoa e não sei se isso me fez bem ou mal, mas fez. Quando fico gripado ou minha inúmeras alergias resolvem se manisfestarem, meu emocional é preenchido de uma vasta impaciência sem nome, e que acaba com qualquer boa primeira aparência que alguém possa ter de mim. O problema foi o meu permanente desespero de não negar a vida social, porque nada é dentro, aquilo que não tenho emergido de fora. Cheguei naquela casa minúscula onde todos estava espremidos assando carne e bebendo muito. Nessa hora percebi que a alma não cabe em um lugar onde o corpo é incômodo,
O texto foi interrompido em vírgula e é assim que o deixei, quero que a escrita tente se aproximar daquilo que sinto ou me acontece. Hoje já é terça da semana seguinte ao que foi escrito, fazem dez dias que deixei aquela festa em pó, e me tem sido difícil escrever porque a letra não obedece o sentimento.
Porém nesse hiato pude perceber mais do que antes, pude resgatar uma sensação de perdição que foi o clímax do meu dia, digo então que a agonia me correu o dia todo e meu clímax foi a perdição que me afogou entre a cozinha e o quintal daquela casa desconhecida.
Um casal de irmãos estavam lá presente, quando cheguei fui automaticamente cumprimentando uma velhacada sadia que estava presente e minha mãe. A responsável pela minha presença inconveniente naquele lar estava muito atrás, nesse momento foi o início da minha solidão. Como adentrar aquele lugar cheio de gente estranha como se fosse alguém que era pra eles. Eu não era pra eles. Nunca tinha sido, eles não me conheciam, mas eles eram, e o mais importante eram um pro outro ...
Mas eu não era pra eles, e nem fui, porque certamente não me guardaram na memória. E mais ainda eu não era e não fui pro casal de irmãos que não me notou antes, nem depois. O mais doloroso foi saber que eles eram eu, ou eram oque eu desejaria ser, acima de mim que sonho ...
O sonho é uma faca de dois gumes pois quando nasce, brota como rosa, cresce e se não realizado é como se o botão fosse subitamente cortado restando apenas um espinho, que é eterno, e que fura, e que mata. Por isso jovens não sonhem o único modo de ser feliz e não levar a vida com expectativa, a expectativa mata, pois a realidade é intangível à ideologia.
Mas voltando ao domingo, o único modo de seguir naquele lugar foi travar conversa com minha mãe, que eu conhecia, enquanto todo aquele povo se banhava de vinho e linguiça, me oferecia bebida e eu bebia apenas por educação, o que é horrendo, porque dessa forma o álcool tornasse um vício mais rápido ainda. E o casal de irmãos tocava violão em um cômodo distante.
Novamente aquela gente toda tentava entrar na minha presença, só que isso só servia pra me fechar mais e mais, e culpar a gripe que em nada me incomodava. Até que minha mãe sai de perto de mim na desculpa de ir ao banheiro. Então senti o o chão estava esvaindo ...............
Algum tempo depois não suportando mais o desconsolo da solidão em um lugar cheio de gente precisei ir atrás dela, antes que aquela multidão de vida próspera me devorasse ao seu modo. Cassei na casa toda, rodava em todos os quartos, e de novo e de novo e de novo e de novo. Na sala o irmãos tocavam alegremente juntos umas senhoras brancas e ex-radialistas. Aquela alegria toda me apunhalava, de quebrava, me destruía, justamente que ela não era minha, fui a minha inveja mas pura, porque eu não os inveja e sim amava por serem a mim na minha ideologia.
Parei entre a cozinha e o quintal depois da sala onde tocavam. Ali foi como se eu estivesse á derivá sobre um ralo, minha sensação de perdição cresceu e me engoliu "Como minha mãe, a única razão da minha presença ali, me abandonou tão cruelmente na casa daqueles que eu não conheço e não me são ?" o ralo foi me sugando e de forma alguma eu me sentia parte daquela gente, andei em círculos quatro vezes em completa desolação como se naquela hora eu percebesse que jamais voltaria pra casa, e então teria que viver na rua onde eu não ERA pra ninguém.
Então a dona da casa passou pelo corredor e eu perguntei onde estava minha mãe:
- Ali na sala! - disse ela.
Admirando o casal de músicos, que me denunciavam. Quando me dei conta estava na frente deles todos completamente nu em sentimentos com cara de perdição, perdição, PERDIÇÃO ... era o que eu era pra mim mesmo perante eles todos, PERDIÇÃOOOOOO ...
Fingi, fugi então que era, e disfarcei friamente perguntando pra minha mãe onde era o banheiro. Quando cheguei na porta abri, entrei, tranquei e chorei. Chorei como reação da minha própria reação de perdição. Defequei ali mesmo oque era devido a toda a explosão de ser que eles eram. E urinei de graça naquela casa como uma reação da injúria que eles me foram, um "VÃO SE FODER, meus queridos".
Recuperado voltei pra fora e disse que não estava bem então a dona da residência aquela criatura que me é totalmente externa, me ofereceu sua cama. Aceitei como necessidade de desaparecer com meu corpo presente e minha alma perturbadíssima daquele lugar ... fui e me engoli na minha própria vergonha por não enfrentar aquele mundo, O MUNDO. Indecência.
Deitei lá, e lá fiquei incômodo , mas era mais relaxante pro meu corpo e estava deitado, numa cama dura, mas estava ...
Esse post sai duramente no início, mas agora no final ele me escorre como forma de aceitação e liberdade. O que postei antes foi uma preparação pra essa tempestade que foi a minha agonia e perdição de domingo o qual eu não pude deixar de marcar.
Sai de lá só na hora de ir embora, quase gritando com a velha mãe da aniversariante que não me quis deixar sair sem comer o bolo, eu sai bem rápido sem dar tchau pra ninguém, principalmente pro casal de irmãos, pois aquela não era hora pra eles mudarem a imagem que me tinham dado ...
No carro me soltei, derrubei o peso que eu carregava desde o inicio, me fiz confortável e perguntei como quem desconhece sobre aquela gente todo e principalmente os dois irmãos. Minha mãe os relatou com ar de rendeira que malda as pessoas nas tardes vazias, aquelas crianças tocavam e felicitavam por obrigação, era sonho irredutível do pai que eles fossem aquilo tudo, e no ato de não ser de desejo também não eram de alma. Descobri então que eles não me eram, não houve contato poderia simplesmente esquecer tudo aquilo e seguir como todo dia a vida nos obriga a esquecer e seguir. Seguir pro amanhã, que novamente nos apunhalará e teremos que esquecer. 

Se queres sentir a felicidade de amar, Esquece a tua alma./ A alma é que estraga o amor./ Só em Deus ela pode encontrar satisfação./ Não noutra alma./ Só em Deus - ou fora do mundo./ As almas são incomunicáveis./ Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo./ Porque os corpos se entendem, mas as almas não.


BANDEIRA, Manuel. "A Arte de Amar" ; Meus Poemas Preferidos. Rio de Janeiro: Ediouro.